Reativando antigos canais

25 de ago. de 2007

old school memories

Vanessa Krongold – Ludov


Minha Avó, o Almeida, o Punk e o Ludov


Estava escutando uma música do Ludov, banda de, digamos assim, pop indie rock paulista. A faixa era “Dois a rodar”. Lembrei do meu grande amigo Almeida e de quando há um tempo atrás, enquanto conversávamos sobre som, disse-lhe que gosta de Ludov.
O Almeida olhou de lado e disse com seu peculiar jeito delicado de Português:

- Âãããhhh que boneco! Aí RP tu ta mó viado rapá!

Mas o porquê deste digníssimo gesto de amizade fraternal? Simples, o passado punk

- Bibibi de paulistinha moderninho, tchutchutchu.... vai se fuder!

E assim finalizou o meu nobre amigo.

Eu , assim como ele, fui o que pode ser definido pela maioria leiga como “jovem roqueiro”.

“Rock pauleira” era como meu pai dizia. Meu Avô achava estranho e absurdo. Minha mãe até entendia mais, até dançava com a galera! Era muito engraçado ela cantando o refrão do Fogo Cruzado junto com a gente: “movimento punk nunca há de morrer”. Já minha Avó odiava. E foi ela que me deu o meu primeiro LP (sim sou velho) de punk rock.

Desde cedo eu sempre escutei muita musica por influência da minha mãe que gostava desde Beatles, Hermeto pascoal, Novos Baianos, Alceu Valença, Pink Floyd, música clássica e Elvis Presley entre tantas outras. Não podia dar boa coisa.

Com seis pra sete anos tive o primeiro contato com o rock mais pesado. O Kiss veio tocar no rio e a musica “I love it loud” não parava de tocar no rádio, aquela do Ôôôôé... eu gostei daquilo, e pedi de presente o disco. Escutava sempre e ficava cantando e imitando tocar guitarra. Minha mãe até pintou meu rosto como o do Genne Simmons na capa do disco. Não acredito que to contando isso.

Em seguida me interessei pelas bandas do chamado “Rock Brasil” dos Anos 80, Ultraje a Rigor, Titãs, Picassos Falsos, Hojeriza, Ira. Aí em 85, com nove pra 10 anos, veio a bomba: o punk rock apareceu na minha vida.

Eu estava na 4ª série, com nove anos, quando descobri numa reportagem o que era punk, o visual e tal, foi amor a primeira vista, achei muito foda.
Passei a querer saber mais, e tentar conseguir um disco de alguma banda daquelas. O skate também tava numa onda forte nessa época e ligado diretamente ao punk tanto musicalmente quanto em atitude e visual. Existiam duas revistas de skate na época chamadas “Overall” e “Yeah”. Essas revistas traziam entrevistas e artigos sobre som também e era a elas que eu recorria para saber mais. Lembro que anotei os nomes de varias e fui tentar conseguir os discos. Nessa época eu ainda não sabia que esse tipo de som só era encontrado em lojas especializadas, e não em qualquer loja. Dei uma lista pro meu pai e pedi pra ele procurar pra mim na cidade. Imagino hoje meu pai na Gabriela Discos (sim sou velho) perguntando se tinha disco do “Lobotomia”, “Poison Idea”, Ratos de Porão e Agent Orange entre outros nomes colhidos nas páginas de revista. Não achou nada. E é aí que entra minha Avó.

Minha Avó era uma pessoa das chamadas difícil. Só fazia o que queria e mandava em todo mundo e aí de quem a enfrentasse. Morávamos no mesmo prédio, ela no 5º e eu no 8º andar. Gostava muito dela, e sempre estava por lá filando uma bóia, ou enquanto minha mãe tava no trabalho, e fazia companhia para ela também.

Aos sábados ela tinha um ritual, ir a Mesbla (sim sou velho) comprar tinta pro cabelo, ver as modas e lanchar no Viena. E eu ia sempre porque pela companhia ela sempre me comprava um disco. Na loja tinha a discoteca da Mesbla. Enquanto ela fazia suas coisas eu ficava vendo os discos. Lá comprei parte da minha coleção de discos inicial.

Pois foi num destes eventos que olhando os discos no balcão de Rock, me deparei com o primeiro disco dos Garotos Podres “Mais podres do que nunca” trazendo na capa uma foto de um bebê lindo e na contracapa a foto de um bebê faminto da Etiópia. Maneiro. E as músicas? Anarkia oi, Maldita Preguiça, Onde está a liberdade, Miseráveis ovelhas... Era isso que eu queria, peguei o LP, coloquei embaixo do braço, e fui até minha vó nervoso.

-Vó é esse aqui ó.

Minha avó só concordou enquanto conversava com a sua amiga Dona Odete, outra participante de praxe do tal ritual Mesbla.

-Toma o dinheiro e vamos lanchar.

Paguei no caixa e levei aquele tesouro comigo. Lanchei rápido ansioso para chegar a casa logo. Cheguei e fui direto colocar a bolacha na vitrola (sim sou velho). Quando começaram os primeiros acordes, a bateria rápida e o vocal gritado eu fiquei chocado.

-“Não devemos temer os que detêm o poder; Se eles são um, nós somos um milhão; Os explorados precisam se unir; Para o sistema destruir”

Porra maneiro pra caralho!!! A identificação foi imediata, é isso, isso corre nas minhas veias. Ainda comprei na Mesbla discos dos Replicantes e do Detrito Federal. Descobri em seguida as lojas especializadas, como a saudosa SubSom, na Praça Sanz Penã, e me aprofundei cada vez mais em toda a contracultura punk.
Daí pra frente conheci outras pessoas com o mesmo gosto, comecei a me vestir de acordo com aquele ideal, e só escutar aquele tipo de som, radicalismo total.
Junto com o Almeida e o Sukita, outro parceiro, desbravamos o underground carioca até o fim dos anos 90 com assiduidade, e até hoje quando rola uma parada boa ou das antigas. Vimos muitos shows, zoamos muito, escutamos muitos discos e vivemos.

Pois é, fico pensando nisso e lembro da bronca do Almeida. Realmente quem come podrão na porta do Garage na Rua Ceará não pode gostar destes paulistas, o que é pior, paulistas!
Mas também lembro da minha avó, graças a ela, e a Mesbla, eu fui punk. Mas peraí, o que tem haver família, capitalismo e punk rock? Nada. Ou talvez tudo. Essas são as minhas influências e as suas?

Ah, só pra finalizar, troquei a música aqui no Mp3 (é eu me modernizei), afinal de contas...... O movimento punk nunca há de morrer!



Ps: Eu gosto de Ludov! Ou será da Vanessa Krongold? Deixa quieto senão eu apanho.



Dedicado à memória de minha saudosa Vó Nancy.



Rodrigo Lopes.

23 de ago. de 2007

Aqui nasce uma webTV dispositivo alternativa


Pois é isso.
Esperar não é Saber.
Reclamar não é ação.
Trololó não é conversa.

Aqui começa um projeto diferente, paralelo as vidas de seus realizadores contudo com assinatura de todos.

O objetivo maior de todo mundo envolvido com Áudio Visual além de fazer é ser visto.

Vamos usar a grande rede para instalar nossas janelas e fazer uma WblogTV, aberta a conversas com quem se dignar a fazê-lo e for de nosso interesse.

A partir de outubro de 2007, assumiremos o compromisso de colocar um programa semanal de 5 a 10 minutos na grande rede, divulgando a cena cultural UnderGround Carioca. Usando pequenas câmeras e um dispositivo que garanta a longevidade desta iniciativa.

Aos poucos iremos colocar o bloco na rua. Será muito bacana a participação de quem assistir. Este projeto nasce interativo desde seu início.

Um grande abraço e nos vemos por aí!

O núcleo duro é formado por Túlio Bambino, Rodrigo Lopes, Gustavo Amaral, Ronaldo Lasmar e Tiago Teixeira.